Tudo degringolou a partir de 1977, quando o Brasil lançou um programa próprio de construção de foguetes que, na opinião do Pentágono, poderia ser desviado para a montagem de mísseis. Não ajudou o fato de o Brasil assinar contratos de produção de satélites de reconhecimento militar e de mísseis com o governo de Saddam Hussein, no Iraque.
Os americanos impuseram sanções comerciais e pressionaram França e Rússia a suspender a cooperação já contratada. As autoridades brasileiras responderam à pressão buscando cooperação chinesa para o lançamento de satélites e investindo na construção de um veículo lançador de satélites (VLS).
O programa espacial, porém, nunca saiu do chão. As três tentativas de pôr um VLS em órbita falharam. A última cobrou 21 vidas em 2003. Há mais de 20 anos sabe-se que a solução para o problema passa por cooperação com os Estados Unidos.
Para isso, o Brasil tem um grande ativo: a base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão, que pode ser arrendada em troca de receitas necessárias para tirar nosso programa espacial do papel. Para viabilizar esse projeto, no entanto, é necessário um acordo de salvaguardas com os Estados Unidos, que dominam o mercado global de lançamentos. FHC tentou fazê-lo.
No início, suas conversas com os americanos foram duras. Eles demandavam que o Brasil negasse contratos a países não signatários de um regime de controle de mísseis, o que beneficiaria companhias americanas como Boeing e Lockheed Martin. Pediam ainda que o país abdicasse de construir seu próprio VLS.
O governo americano também pretendia negar o acesso de autoridades brasileiras às cargas de seus lançadores. A política externa brasileira mobilizou alguns de seus melhores quadros para virar a mesa.
Em 2000, depois de muita luta, as negociações chegaram a bom termo: o Brasil autolimitaria seu acesso aos lançadores americanos, mas desenvolveria um VLS próprio e manteria o direito de autorizar (ou não) cada lançamento solicitado pelos Estados Unidos.
Quando o acordo veio a público, porém, o deputado do PT da Bahia Waldir Pires lançou uma ofensiva. Denunciando o texto como "entreguistas", ocupou as capas de revistas e jornais, mobilizando parlamentares de todo o espectro político, inclusive alguns da base tucana.
De lá para cá, o Brasil tentou reviver Alcântara em parceria com a Ucrânia, plano para o qual o Congresso aprovou acordo idêntico àquele negociado com os americanos. Mas o projeto definhou porque não há mercado viável de lançamentos sem acordo geral com os americanos.
Hoje, todos sabem que o futuro do programa espacial brasileiro depende de um acordo entre Brasília e Washington. Agora que Dilma restaurou o diálogo, é hora de começar uma nova negociação.
Para isso, o Brasil tem um grande ativo: a base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão, que pode ser arrendada em troca de receitas necessárias para tirar nosso programa espacial do papel. Para viabilizar esse projeto, no entanto, é necessário um acordo de salvaguardas com os Estados Unidos, que dominam o mercado global de lançamentos. FHC tentou fazê-lo.
No início, suas conversas com os americanos foram duras. Eles demandavam que o Brasil negasse contratos a países não signatários de um regime de controle de mísseis, o que beneficiaria companhias americanas como Boeing e Lockheed Martin. Pediam ainda que o país abdicasse de construir seu próprio VLS.
O governo americano também pretendia negar o acesso de autoridades brasileiras às cargas de seus lançadores. A política externa brasileira mobilizou alguns de seus melhores quadros para virar a mesa.
Em 2000, depois de muita luta, as negociações chegaram a bom termo: o Brasil autolimitaria seu acesso aos lançadores americanos, mas desenvolveria um VLS próprio e manteria o direito de autorizar (ou não) cada lançamento solicitado pelos Estados Unidos.
Quando o acordo veio a público, porém, o deputado do PT da Bahia Waldir Pires lançou uma ofensiva. Denunciando o texto como "entreguistas", ocupou as capas de revistas e jornais, mobilizando parlamentares de todo o espectro político, inclusive alguns da base tucana.
De lá para cá, o Brasil tentou reviver Alcântara em parceria com a Ucrânia, plano para o qual o Congresso aprovou acordo idêntico àquele negociado com os americanos. Mas o projeto definhou porque não há mercado viável de lançamentos sem acordo geral com os americanos.
Hoje, todos sabem que o futuro do programa espacial brasileiro depende de um acordo entre Brasília e Washington. Agora que Dilma restaurou o diálogo, é hora de começar uma nova negociação.
Axel Bugge/Reuters